Chega o mês de outubro, e muitos moradores das pequenas
cidades do Vale começam a ficar apreensivos. Alguns olham pro céu em busca de
alguma novidade. Outros perguntam sorrateiramente para alguém que chegou da
roça: - E aí compadre, nada? Nada, responde o outro.
Mas é só dar uma boa chuva, trovejar e virar um mormaço,
que todos cantam em coro: é hoje pessoal! Caldeirão na mão, bacia, água, bota
de borracha e luva.
Armado com tudo isso, muitos moradores vão direto pro formigueiro
mais próximo. A festa da içá vai começar. Se não sai de manhã, na turma das
10h, sai com certeza na turma da tarde, a partir das 14 horas.
Alguns dias antes, todos ficam a observar o formigueiro
fervendo de formigas. Elas ficam vigiando e não deixam ninguém sair sem ordem.
Se voltar a chover ou fizer vento, nada feito.
Quando elas determinam que tudo tá certo, empurram
primeiro os sabitus, que são os machos, os quais rapidamente saem a voar.
Depois autorizam a saída das içás, fazendo, juntas, um zumbido de mistura de
sons do bater das asas. Procuram um local mais alto e alçam voo. Logo, estão
caindo em todo canto, depois de se acasalarem com os machos, que morrem no ato.
Mas isso ninguém consegue ver, pois acontece a muitos metros de altitude.
Quando elas caem, procuram cortar as asas e fazer um
buraco pra criar um novo formigueiro. Mas aí vem a natureza, com os pássaros
comendo boa parte e o povo pegando essa iguaria, considerada por Monteiro
Lobato uma manteiga de flander. Já pensou se nada disso acontecesse? O mundo
seria um formigueiro só!
FOTOS
1- As sabitús vigiando a saída
2-As içás saindo
3-Preparando-se para o vôo
4-O vôo
5-Içá cortando as asas
6- A caça
7- Içás capturados
8-Limpeza, deixando só a bundinha
9-Fritando
10- Com farinha

Parabéns, muito legal saber como as formigas se transformam para chegar até reprodução de novo, e assim serem chamadas de tanajuras!
ResponderExcluir