quarta-feira, 1 de outubro de 2014

COM A BOCA CHEIA DE FORMIGA

Chega o mês de outubro, e muitos moradores das pequenas cidades do Vale começam a ficar apreensivos. Alguns olham pro céu em busca de alguma novidade. Outros perguntam sorrateiramente para alguém que chegou da roça: - E aí compadre, nada? Nada, responde o outro.
Mas é só dar uma boa chuva, trovejar e virar um mormaço, que todos cantam em coro: é hoje pessoal! Caldeirão na mão, bacia, água, bota de borracha e luva.
Armado com tudo isso, muitos moradores vão direto pro formigueiro mais próximo. A festa da içá vai começar. Se não sai de manhã, na turma das 10h, sai com certeza na turma da tarde, a partir das 14 horas.
Alguns dias antes, todos ficam a observar o formigueiro fervendo de formigas. Elas ficam vigiando e não deixam ninguém sair sem ordem. Se voltar a chover ou fizer vento, nada feito.
Quando elas determinam que tudo tá certo, empurram primeiro os sabitus, que são os machos, os quais rapidamente saem a voar. Depois autorizam a saída das içás, fazendo, juntas, um zumbido de mistura de sons do bater das asas. Procuram um local mais alto e alçam voo. Logo, estão caindo em todo canto, depois de se acasalarem com os machos, que morrem no ato. Mas isso ninguém consegue ver, pois acontece a muitos metros de altitude.
Quando elas caem, procuram cortar as asas e fazer um buraco pra criar um novo formigueiro. Mas aí vem a natureza, com os pássaros comendo boa parte e o povo pegando essa iguaria, considerada por Monteiro Lobato uma manteiga de flander. Já pensou se nada disso acontecesse? O mundo seria um formigueiro só!

FOTOS
1- As sabitús vigiando a saída
2-As içás saindo
3-Preparando-se para o vôo
4-O vôo
5-Içá cortando as asas
6- A caça
7- Içás capturados
8-Limpeza, deixando só a bundinha
9-Fritando
10- Com farinha
11-Içá pronta









Um comentário:

  1. Maria das Graça Altoé Faccini12 de novembro de 2014 às 04:41

    Parabéns, muito legal saber como as formigas se transformam para chegar até reprodução de novo, e assim serem chamadas de tanajuras!

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